Kimpa Vita

Kimpa Vita (Dona Beatrice) 1684-1706. Fundadora do Movimento Antoniano, foi uma profeta feminina popular no reino do Congo, uma precursora das figuras proféticas das igrejas independentes e a criadora de um movimento que utilizava os símbolos cristãos, mas revitalizou as raízes culturais tradicionais do Congo.

A segunda metade do século XVII foi caracterizada por uma desintegração cultural e um desarranjo político no Congo (território que hoje faz parte dos atuais Congo, Zaire e Angola). As forças portuguesas haviam vencido o Congo, a cristandade de AFONSO I havia caído no sincretismo, uma mistura do cristianismo com as religiões tradicionais da África, e três famílias reais lutavam pelo poder. Dentro desse vácuo cultural e político, diversos profetas messiânicos surgiram para proclamar suas visões sócio-religiosas. A mais importante entre eles foi Kimpa Vita, uma jovem moça que acreditava estar possuída pelo espírito de Santo Antônio de Pádua, um santo católico popular e realizador de milagres. Ela começou a pregar na cidade congolesa de San Salvador, a qual declarou ser desejo de Deus que fosse novamente tornada capital. Seu apelo pela unidade obteve um grande apoio entre os camponeses, que migraram em massa para a cidade, identificada por Kimpa como a cidade bíblica Belém. Ela disse a seus seguidores que Jesus, Maria e outros santos cristãos haviam sido realmente congoleses. Kimpa conspirou em conjunto com o general, súdito de Pedro IV, um dos que lutavam pelo trono, porém foi capturada. Tanto Kimpa quanto seu bebê - concebido por seu "anjo da guarda" - foram queimados na fogueira por heresia, mediante instigação dos missionários capuchinhos.

O movimento Antoniano, iniciado por Kimpa, sobreviveu a ela. O rei do Congo, Pedro IV, utilizou-o para unificar e renovar seu reino. As idéias de Kimpa perduraram entre os camponeses, aparecendo em diversos cultos messiânicos até que, dois séculos depois, tomou nova forma na pregação de Simon Kimbangu.