D. Afonso.

30/07/2013 16:23

D. AFONSO, designado como sucessor do seu pai Nimia Loukéni apos a morte em 1506. O velho monarca morre tendo  Afonso, um Negro de elite, dotado de notável inteligência e que praticava o catolicismo. Inicia-se uma fase de maior aproximação e assimilação cultural em ordem aos europeus (Portugueses).O Reino do Congo era um verdadeiro Estado feudal, englobando a atual República do Congo-Brazzavile (ex-Congo francês), o Baixo-Congo até Kinshasa, capital da atual República Democrática do Congo (ex-Congo belga, ex-República do Zaire...), e uma parte do norte de Angola. Uma lenda a desfazer é a de que esse reino banto teria sido sempre hostil aos europeus, o que contraria a verdade histórica. Os reis negros, longe de se entregarem a um nacionalismo xenófobo, desde os primeiros contatos, em sua maioria, multiplicaram suas atenções quanto ao relacionamento com os "brancos". Pediram missionários, mestres de ofícios, mercadores, enviaram embaixadas a Portugal e ao Vaticano, mau grado as dificuldades de comunicações marítimas, solicitando intercâmbio.

D. Afonso fundou em 1514 um colégio destinado aos melhores rapazes do Congo, que chegou a ter cerca de 400 alunos. Esforçou-se ao máximo por espalhar o cristianismo em todo o seu reino e combateu a idolatria. O Papa Paulo III elogiou-o abertamente num Breve de 5 de Maio de 1535, declarando que ele havia desempenhado não só o seu múnus de rei, mas também o de pastor. Suaviter et fortiter.: Ao mesmo tempo, D. Afonso não queria comprometer o bom sucesso da sua obra com medidas drásticas de efeitos negativos. Destarte, tendo em vista as pressões da sociedade tradicional conguesa, conseguiu do Papa certas dispensas para o casamento entre parentes. Governando com competência e dedicação, o novo rei conguês não simpatizava com comerciantes e, muito menos, com os traficantes de escravos. Relutava em consentir no despovoamento do seu reino. Favorecia a escravidão e punha fortes entraves à escravatura. E acreditava, de alma e coração, na transformação do seu reino.

A rápida decadência do reino explica-se por múltiplas causas: o escravismo, as lutas entre chefes, a guerra a que se entregaram a sul do reino os Portugueses e os Holandeses e sobretudo, desde 1648, o deslocamento do comércio internacional que se fixou em São Paulo de Luanda cujo porto oferecia aos navegadores excelentes abrigo. As motivações dessa decadência não impediram que, sob o impulso de Afonso, o Congo tivesse aberto suas fronteiras à cultura e à religião vindas da Europa, estabelecendo relações diplomáticas diretas com Portugal, Brasil, Países Baixos e Santa Sé aonde aquele monarca enviou, de 1504 a 1539, três embaixadas, provando, assim, a possibilidade de um Estado negro desempenhar um papel importante colaborando fraternalmente com o Ocidente.
Erros de governantes portugueses, lamentavelmente abalaram essa harmonia.

D.Afonso faleceu entre 1540 e 1541. A sucessão assumiu logo aspectos de luta dinástica. Por fim, seu neto D.Diogo conseguiu ser reconhecido por todos. Desprovido da forte personalidade do seu avô, inclinava-se para a sua atávica educação. Não lhe agradava plenamente a civilização européia. Não renunciou a esta, por nela haver passado grande parte da sua vida. Porém, faltava-lhe a virtude, o sentimento de dever. O Congo era, nessa altura, freqüentado por muitos portugueses. Abundavam também os negros assimilados e havia ainda muitos mestiços. Todo este condicionalismo exigia uma prudente e judiciosa administração, porque aquele Estado africano era uma verdadeira nação em marcha. Convinha ampará-la, protegê-la, sendo necessário , ao mesmo tempo, que os seus monarcas compreendessem, com equilíbrio e boa vontade, os seus deveres. Ora, foi isto o que faltou a D.Diogo. Entretanto, o coração da África tornou-se cenário de estranha agitação, quiçá gerada por fome, doenças, guerras.

Em 1558, a embala de El-Rei do Congo é atacada pelos AMBUNDOS. D.Diogo foge e refugia-se na "Ilha dos Cavalos", lá para o Norte, para a foz do rio Zaire. Após o seu falecimento, em 1561, trava-se nova luta dinástica e um dos pretendentes elimina o seu rival. Tinha-se regressado, sem querer, aos costumes e às exigências da selva. Os JAGAS entram por sua vez em ação e talam o reino do Congo durante 12 anos seguidos. O rei de Portugal, ouvindo o apelo do soberano conguês, envia-lhe Francisco de Gouveia com cerca de 500 soldados brancos. Em 1570, os invasores são expulsos. O rei do Congo declara-se "vassalo e tributário" do rei de Portugal. Os Portugueses são depois atraídos para o sul, para Angola (N´GOLA) e nela fixam as suas atenções preferenciais. O Congo ( ou Kongo), muito superior ao reino do N´gola, entra agora na órbita da presença portuguesa em Angola, passa a simples satélite., A partir daí, a sua história confunde-se praticamente com a história "angolana".

Restara aos portugueses a consolação de haverem contribuído para a tentativa de uma nação angolana. Escreve a este respeito Albuquerque Felner in "ANGOLA": " Tínhamos formado o esqueleto de uma nação que se estendia desde a foz do Zaire, pelo seu curso, muito para além de Brazzaville, pela costa para o norte até ao Cacongo e, para o sul até Benguela-a-Velha, senão mais além; para leste, pelo menos até aos limites do Sundi, nas montanhas de Cristal dos Panzelungos, nas montanhas do Sal e da Batta, nas montanhas do Salitre; e ainda mais para o sul e para leste, até aos reinos de Angola e da Matamba."